quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Post sobre 1o. trabalho academico

Mulheres na política

Com um histórico recente em participações políticas e números que colocam o país em 142° lugar no ranking de participações femininas em cargos eletivos, as mulheres brasileiras ainda lutam para conquistar um espaço no cenário dominado pelos homens. Na recente eleição municipal, apenas uma mulher foi eleita para a Câmara de Campinas - contra três vereadoras eleitas no mandato anterior.
A única vereadora para os próximos anos, Leonice da Paz, viveu períodos difíceis em seu mandato. Em 2006 o primeiro suplente do PTB, Marco Abi Chedid, entrou com uma ação contra a vereadora alegando compra de votos por meio de doações de cestas básicas, compra de holofotes e tintas para condomínios. Leonice teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo. A vereadora recorreu e o Tribunal Superior Eleitoral entendeu que o afastamento de cargo poderia trazer prejuízos a pedetista caso ela fosse inocentada no final do caso. No mês de julho de 2008 Leonice foi afastada definitivamente do cargo de vereadora, mas conseguiu ser reeleita nesta última eleição.
As outras duas vereadoras, Marcela Moreira do P-SOL e a Delegada Teresinha de Carvalho do PSB, não foram reeleitas e lamentam o fato de as mulheres não participarem mais ativamente na política.
A vereadora Teresinha de Carvalho atribui sua derrota nesta última eleição aos problemas que enfrentou, “Durante todo meu mandato lutei por causas macro e acabei não sendo reconhecida como autora destas leis. Além do mais, o poder aquisitivo contou muito nesta eleição, alguns vereadores contratavam cabos eleitorais a centenas. Vi ainda muitas de minhas placas destruídas ao longo da campanha, o que dificulta os cidadãos de ver e memorizar a foto com a pessoa que visitou seu bairro ou já fez algo a pedido da população. Fiquei surpresa em não ser reeleita, mas saio de cabeça erguida”. Ao concluir seu segundo mandato, a Delegada Teresinha de Carvalho julga precária a situação da mulher na política de Campinas e planeja voltar a dar aulas nas academias de polícia de São Paulo.
"Campinas tem mais de um milhão de pessoas e os meios de comunicações não atingem a todos da maneira como deveria", afirma Teresinha que mesmo após alguns anos como vereadora é questionada por mulheres da periferia se ela já ocupa o cargo de deputada reforçando a idéia de que as mulheres não acompanham política. A vereadora disse também que o eleitorado de Campinas é muito espalhado e que, apesar de acreditar que a maioria de seus eleitores são mulheres, é difícil saber realmente em qual região ela alcançou um número maior de pessoas.
A jovem vereadora do P-SOL, Marcela Moreira, critica a postura dos partidos que não incentivam a participação e formação das mulheres na política: "as vésperas de fechar o ano de filiações, os partidos saem correndo a laço para buscar mulheres e atingir a cota de 30% exigida por lei", diz Marcela. Em relação à participação da mulher na política, a vereadora defende a idéia de que "as mulheres são educadas para trabalhar em casa, levando uma vida alheia às discussões sociais e econômicas, e quando ultrapassam esta barreira patriarcal encontram dificuldade em articular suas ações".
Marcela acredita que não basta ser mulher dentro do partido. É preciso mostrar que também são capazes de ter uma vida política. Militante da esquerda, Marcela faz oposição ao partido do prefeito da cidade de Campinas, Dr. Hélio, e diz adotar um mandato popular mobilizando a população através de movimentos para pressionar e exigir os direitos dos cidadãos. A vereadora disse que enfrentou uma campanha militante com poucos recursos econômicos e afirmou que provavelmente lançará candidatura na próxima eleição. “ Durante o período que estarei afastada do cargo de vereadora continuarei com uma postura ativa e militante”.
O atual presidente da Câmara dos vereadores, Aurélio Cláudio, explicou como é a relação entre o partido e os vereadores. "Dentro de cada partido existe uma cota destinada às mulheres e esta cota não precisa ser preenchida obrigatoriamente, é dever dos cidadãos interessados se filiarem ao partido", afirma Aurélio. Após fechar as filiações o processo de candidaturas ocorre da seguinte maneira: o partido que não tiver coligações (chapa pura) tem direito de lançar um determinado numero de candidatos, equivalente ao número de vagas na câmara mais 50%. E o partido que tiver coligações tem direito ao mesmo número de vagas mais 100%. Deste total 30% das vagas são destinadas as mulheres. A Câmara de Campinas tem 33 vagas. Se o partido não tiver coligações tem o direito de lançar 50 candidatos sendo que, a cota de 30% representaria 15 candidatas concorrendo às eleições. No caso das coligações o número de candidatos sobe para 66 e as mulheres seriam 19.
Em levantamento feito com base nos dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as mulheres aparecem como maioria na câmara de apenas 17 cidades. Este número também diminuiu: no mandato passado 23 cidades tinham o poder legislativo formado em sua maioria por mulheres. A região com maior número de mulheres nas câmaras é a região do Nordeste e o menor nas regiões Sul e Centro-Oeste. Em entrevista ao Portal Terra a consultora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Patrícia Rangel, afirma que em alguns países quanto maior o IDH maior a participação da mulher, mas o Brasil aponta dados contrários. "No Nordeste a disputa é menos acirrada e é possível que estas mulheres integrem famílias de políticos consagrados", explica ela.

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